terça-feira, 22 de setembro de 2009

As nossas quatro estações.

Fiquei um tempo sem escrever no blog. Não sei se foi falta de inspiração, mas como aprendi na aula de Pilatis, prefiro acreditar que foi mais um período de imobilidade do que de inatividade.

Acho que todos nós passamos por momentos assim, uma hibernação no nosso próprio inverno. E já que não é mais possível se enfiar numa toca - como nossos bons instintos primitivos ainda pedem - aprendemos com a civilidade a cristalizar dentro de nós as idéias, os pensamentos e até os sentimentos. Eu andava meio assim e as palavras, que espiavam o mundo lá fora preguiçosas, não queriam sair.

Hoje, num dia de mudança de estação, a vontade de voltar a escrever voltou a florescer. É a primavera e a vida, que sempre teimosas, vêm sem falta nos renovar. Parece que a alguma coisa lá fora mudou, ou foi aqui dentro que mudou de cor ?! Mesmo que tudo esteja igualzinho como antes, parece que a vida ganhou outro astral, nos deu nova chance de acreditar que tudo vai caminhar daqui pra frente como a gente sempre sonhou: dias coloridos, musicais e perfumados, igual desenho animado.

Lembrando os meses de março a abril, vivi um período difícil de melancolia, desânimo, introspecção e reavaliação. A minha tristeza amarela se confundia com a paisagem lá fora. Era como se um vento repentino estivesse arrancando as folhas e me deixado assim, nua em meus galhos, sem proteção. Intuitivamente chamei esse período de outono da alma, sem saber que já estava intimamente fazendo as ligações dos meus estados de animo com os estados de mudança que passam a natureza.

O outono e inverno cumpriram sua missão e me deixaram mais aberta para o que se passava aqui dentro e para sentir essa sincronia com o que acontecia na janela lá fora. Mas é claro que nem pra todo mundo é assim. Somos seres diferentes e como as plantas, podemos florescer também em épocas diferentes. Cada um sabe quando está no auge do seu potencial.

Alias, somos muito de julgar nossos sentimentos e momentos como bons e ruins. Deve ser por isso que quando estamos felizes, vigorosos e alegres nos sentimos radiantes, e queremos que simplesmente todo dia amanheça verão.

Mas tenho aprendido que a vida não é tão fácil assim de enquadrar num calendário. Muitas religiões e filosofias ligam o poder da vida ao poder do fogo sagrado. É uma energia que pode destruir, aquecer ou transformar, depende apenas da forma que você a canaliza. Seja na tristeza cinza dos nossos momentos/inverno ou na vibração alegre dos nossos momentos/verão, a vida é sempre plena, seja qual for a estação.

Um comentário:

  1. A vida realmente é sempre plena, seja qual for a estação de nossa alma...Ter a sabedoria de aprender com as estações de nossa alma nos revela a beleza da dinâmica da vida e também nos proporciona a melhor oportunidade que podemos ter: aprender! Eu aprendo muito com você, Cris! Beijo.

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Espero que vocês “curtam” o que vai ter por aqui,sem compromisso de gostar ou não, e até mesmo não concordando. E fique a vontade para dar seu comentário. Afinal esse blog tem uma visão muito singular: a experiência de quem escreve.